1 de abril de 2011

É assim que se faz?



Foi aí então que eu descobri que não só ela tinha ido embora, uma parte dele foi junto com aquela mala pesada e cheia de recordações e tristezas, rumando ao cinza. A metade da alegria partiu, o dobro da angústia ficou, o medo e o nervosismo se multiplicaram e como chá quente numa xícara tampada com um pires, evaporou toda a energia que preenchia aquele corpo.

A fração indivisível do sentimento multiplicável de permanecer intacto. A porção de sensações que era dele, foram jogadas ao mar, sem rastro, sem flutuação, era pesado demais para boiar.
Não há lenço no mundo que imprima o soluço angustiante do vazio.
Não existe cigarro que acalme e que tapeie a fome de crescer.
Com pontualidade britânica ela resolveu partir, desgarrou-se do peito materno e foi viver a vida como podia. Não resolveu construir uma família, não resolveu doar o coração, não adiantou alinhar o pensamento e o terno para parecer bom sujeito.
A teia crescia conforme era tecido o sol de outono. Numa emboscada matinal a presa se sentiu livre, e não mais encurralada foi viver o seu mundo e enfrentar a chuva forte que estava por vir.
As nuvens anunciaram: melhor se permanecermos juntos, pior se nos entregarmos.
O sol ardeu: TE AMO.

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