26 de novembro de 2010

CHANCES ARE...

A semelhança entre Judite e Fernão



Por que será que ela pensa que Judite só reclama e amola?
Será que Judite já não sabia mais viver?
Judite era metódica, tinha um jeito muito peculiar de ser organizada. Ela entendia a sua bagunça e organizava a sua vida em cadernos e caixinhas.

Tudo tinha que ser feito daquela forma. Não tinha erro, se estivesse anotado ou guardado, tudo daria certo e ela não se perderia.
Judite descobriu que tinha facilidade para se localizar com mapas, guias e bússolas. Com o trajeto traçado, dificilmente se perdia.

Era sistemática e queria poder controlar tudo a sua volta. Sofria com o descontrole das emoções e não havia nada no mundo que pudesse ensinar as coisas da vida. Ela não seguia a cartilha, não conhecia o jogo, e não borbotava quadras nem modas.

Era constante e tinha urgência em expressar, carregava na mala um punhado de alegria e uma pitada de agonia.

Judite tinha 29 anos, um dia quis se aventurar e decidiu seguir sem orientações. Precisava conhecer a vida sem medos e direções. Resolveu ir além, queria ousar o pulo e apressar o passo. Não contou a ninguém, não levou mala, anotação, carta geográfica ou qualquer lembrete de sua organização.

Caminhou durante horas, e sentiu que seria feliz e conseguiria se libertar. Tirou os sapatos e pisou descalça na grama verde. Continuou em direção a pedra. Judite estava aliviada, seu coração batia calmo. Só pensava em ter asas, ela queria voar.

Experimentou a segurança que o dia oferecia, se sentiu feliz e fez como Fernão Capelo Gaivota, subiu no topo das pedras, olhou a sua volta e viu que não tinha ninguém. Respirou tranquilamente e sussurrou o seu segredo, chegou o momento, era hora de saltar. Fechou os olhos e voou em direção ao mar.

Lado A, lado B

Se eles são Exu
Eu sou Iemanjá
Se eles matam o bicho
Eu tomo banho de mar
Com o corpo fechado
Ninguém vai me pegar
Lado A lado B
Lado B lado A...

No bê abá da chapa quente
Eu sou mais Jorge Ben
Tocando bem alto
No meu walkman
Esperando o carnaval
Do ano que vem
Não sei se o ano
Vai ser do mal
Ou se vai ser do bem
Se vai ser do bem
Do bem, do bem
Se vai ser do bem
Se vai ser do bem, do bem
Do bem!...

O que te guarda a lei dos homens
O que me guarda a lei de Deus
Não abro mão da mitologia negra
Para dizer que
Eu não pareço com você
Há um despacho
Na esquina pro futuro
Com oferendas
Carimbadas todo dia
E eu vou chegar
Pedir e agradecer
Pois a vitória de um homem
As vezes se esconde
Num gesto forte
Que só ele pode ver...

Eu sou guerreiro
Sou trabalhador
E todo dia vou encarar
Com fé em Deus
E na minha batalha
Espero estar bem longe
Quando o rodo passar!
Espero estar bem longe
Quando tudo isso passar...

25 de novembro de 2010

Amor por elefante

Concurso de Fotografia da National Geographic International 2009



Nazroo, um cornaca (condutor do elefante), posa para um retrato, tendo seu elefante, Rajan, com um mergulho na frente de Radha Nagar Praia em Havelock, Ilhas Andaman. Rajan é um dos poucos elefantes em Havelock que pode nadar, por isso quando ele não está se arrastando madeira na floresta, ele é usado como uma atração turística. A relação entre o cornaca e seu elefante normalmente dura toda a vida, criando um laço muito forte entre o animal eo ser humano. (Foto e legenda por Cesare Naldi)

Contaminado.

A vida deixou marcas, algumas se tornaram uma cicatriz, outras sumiram com o tempo, algumas clarearam, mas continuam aqui, mais leves; e outras penetraram tão fundo que foi obrigado a aprender que conviver com um enorme entrave dentro dele não era mais uma opção.

De tão acostumada, esqueceu que vive com essa limitação, esquece que tem um ponto, em que nunca pode ultrapassar, pois se avançar é capaz de perfurar mais fundo esse obstáculo que está instalado dentro. E quanto mais fundo colocar, pior será para lidar e depois para tratar e tirar.

Não existe remédio para curar essa dor, não existe nada no mundo que faça você tirar isso de dentro de você. O que pode ser feito é aprender diariamente a conviver e sobreviver com uma essência tomada por insustentáveis sentidos externos. E tentar permanecer íntegro e leal com suas atitudes e sentimentos, afinal de contas, todo mundo quer a mesma coisa.

A busca pela cura continua, nunca acaba. Só vai acabar quando eu ou minha alma desistir.

24 de novembro de 2010

Purpurina, parafina e serpentina: Realce.

Não se incomode O que a gente pode, pode, o que a gente não pode explodirá
A força é bruta e a fonte da força é neutra
E de repente a gente poderá

Realce, realce Quanto mais purpurina melhor
Realce, realce Com a cor-do-veludo, com amor
Com tudo de Real teor de beleza
Realce, realce, realce, realce Realce, realce, realce, realce

Não se impaciente o que a gente sente, sente,
Ainda que não se tente afetará
O afeto é fogo e o modo do fogo é quente
E de repente a gente queimará

Realce, realce Quanto mais parafina melhor
Realce, realce Com a cor-do-veludo, com amor
Com tudo de Real teor de beleza
Realce, realce, realce, realce Realce, realce, realce, realce

Não desespere Quando a vida fere, fere
E nenhum mágico interferirá
Se a vida fere Com a sensação do brilho
De repente a gente brilhará

Realce, realce Quanto mais serpentina melhor
Realce, realce Com a cor-do-veludo, com amor
Com tudo de Real teor de beleza
Realce, realce, realce, realce

23 de novembro de 2010

No olimpo

Dance Amy. Dance Valerie!

22 de novembro de 2010

... bem como uma segunda-feira cinza...

29

Perdi vinte em vinte e nove amizades
Por conta de uma pedra em minhas mãos
Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes
Estou aprendendo a viver sem você
Já que você não me quer mais

Passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove, com o retorno de Saturno
Decidi começar a viver.

Quando você deixou de me amar
Aprendi a perdoar
E a pedir perdão.
E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez

CANGOTE

Fiz minha casa no teu cangote
Não há neste mundo o que me bote
Pra sair daqui


Te pego sorrindo num pensamento
Faz graça de onde fiz meu achego, meu alento
E nem ligo
Como pode, no silêncio, tudo se explicar?!
Vagarosa, me espreguiço
E o que sinto, feito bocejo, vai pegar

Fiz minha casa no teu cangote
Não há neste mundo o que me bote
Pra sair daqui

19 de novembro de 2010

Solitate



Não importa a definição.
Não tem tradução.
É incomensurável.

saudade
sau.da.de
sf (lat solitate) 1 Recordação nostálgica e suave de pessoas ou coisas distantes, ou de coisas passadas. 2 Nostalgia.
3 Ornit Pássaro muito atraente da família dos Cotingídeos (Tijuca atra); assobiador. 4 Bot Nome com que se designam várias plantas dipsacáceas e suas flores; escabiosa. 5 Bot Planta asclepiadácea (Asclepias umbellata). sf pl Lembranças, recomendações, cumprimentos. S.-da-campina: o mesmo que cega-olho, acepção 1. Saudades-de-pernambuco: o mesmo que jitirana-de-leite. Saudades-perpétuas, Bot: planta da família das Compostas (Xeranthemum annuum).

18 de novembro de 2010

Servir bem para servir sempre! Onde?



Eu gostava quando vendia rocambole de chocolate com doce de leite, sonho fresquinho e pães bem branquinhos. Os três donos se revezavam durante o expediente. Às seis horas da tarde o cheiro do pãozinho invadia a casa da minha avó. Tinha fila para comprar pão, mas valia à pena, era tudo tão fresquinho e o preço era realmente justo. O brigadeiro era brigadeiro mesmo e o biscoito de polvilho era feito de polvilho. O leite tinha tipo, era b e vinha dentro de um saquinho. Minha avó sempre me dava um pacote de mini Chiclet´s e todo mundo me conhecia.

Ela continua na esquina, o nome é o mesmo, mas...
O pão é ruim, a padoca vive as moscas, não fazem mais rocambole, não vendem brigadeiro de verdade, o sonho se tornou um pesadelo e não existe mais mini Chiclet´s; minha avó morreu e a nostalgia daquela padaria se perdeu com o tempo e com o capitalismo selvagem.

Ninguém mais cumprimenta ninguém, trocaram os atendentes, os donos são chatos e mal educados, ninguém sabe que eu compro pãezinhos ali desde que eu me entendo por gente; os preços subiram agressivamente e o inacreditável aconteceu: ali a padaria não tem mais cheiro de pão e padaria hoje em dia é empório.

Desde quando a padaria não é mais a mesma?
Desde quando trocaram de dono?
Desde quando estou comendo o pão que o diabo amassou?
Desde quando ninguém mais faz fila?
Desde quando o Sr. Toninho é a única lembrança viva da minha infância? Deus, quem é o Sr. Toninho?
Desde quando eles servem mal para nunca mais servir?

Fante, eterno Bandini.



Você foi o primeiro e veio antes de todos.
O mais completo e sincero que eu já conheci.
Não poupa sentimentos. Ariano, deixa aflorar e fluir.
Romantizou o próprio sonho e conseguiu realizá-lo. Dividimos o mesmo sonho.
Gênio das lealdades sentimentais é o mestre em detalhar a vida de forma profunda e cômica.
Os anos nos separaram e nessa pequena história burlesca, não consegui ser Camila Lopez nem Rosa Pinelli; quem sabe um dia possa ser Helen Brownell?
Não importa o que se diga, mas como se diz. E você sabe dizer. E ainda vai dizer. E vai dizer muito.
Não existe medo diante das emoções.
Obrigada por ter existido.

O povo e o governo

Isto.

Aham

17 de novembro de 2010

Mãe de peixe...

"Tem gente que senta e chora e tem gente que se refaz. Tem gente que senta e pensa e tem gente que se reinventa. Tem gente que só vive pra lamentar e tem gente que só faz. Tem gente que vive do passado e tem gente que o transforma em livro. Tem gente que enterra a vida e tem gente que planta o sol. Tem gente que grita e esperneia e tem gente que chora baixinho.
... E essa gente que chora baixinho, chora só até a noite passar. E quando a noite passa, na esperade um novo encontro, senta na cama e LEVANTA, pra tudo recomeçar."


Cristina Di Cianni

11 de novembro de 2010

Eu e Eu...

"Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar. Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre..."

Clarice Lispector

10 de novembro de 2010

Discussão filosófica a respeito do riso na internet - Inutilidade pública

Há uns dois meses, c decidiu que quando estivesse conversando comigo pelo gtalk, não expressaria sua risada com "hahahaha" ou "kkkkkkk", optou pelo "aaaaaaaa" só para não ter que apertar dois botões ao mesmo tempo. Preguicite.
O tempo passou, e hoje em uma conversa rápida, a opção do riso de cada um nos rendeu algumas risadas.
Desta conversa, sugiu a vontade de escrever sobre este assunto, mas achei que o tema não valeria um texto. Além daquela coisa: só foi engraçado na hora.
Sendo assim, publico a conversa na íntegra. O mais puro creme da sessão besteirol.
Go ahead!

e: valeu viu
obrigada pela força e por operar a minha úlcera
hahehehe
beijin
vou sair.
bjs
fala
c: aaaaaaaaaaaaaa
e: to aqui ainda
c: operar minha úlcera é bom
beijo'
e: esse aaaaaaa é o hahahahaha?
c: sim
e: beijos modáfócka
c: é mais fácil, preguiça do h
e: ok
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
beijo
c: beijos, apapu
tá vendo? vc não ri com mais liberdade e alegria só com o "a"?
e: é que a falta do agá, parece uma risada preguiçosa sabe?
c: mas é
e: nao
c: é isso
e: me sinto meiio limitada.
c: risada preguiçosa de computador
e: é quase um riso contido
c: aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
e: hahahahahahaha
c: aaaaaaaaaaaaaaaaaaa
e: kkkkkkkkkkkkkkk
c: para mim é libertador
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
e: acho que o "k" é melhor do que o "a"
c: kkkkkkkkk é horrível
e: hahahaha que bom
então liberta geral
c: parece que vc ri em inglês
e: solta o som dj
kkkkkkkkkkkkkkkk
pode crer
c: ninguém ri kkkkkkkkkkkk
eu: eu rio arrarrarrarrarra
c: é essa combina com vc
e: hahahaha o que faz com que o h substitua o r
c: rarararararara
e: bom é isso né. risadas a parte
c: não
e: vou me despedindo
c: são dois toques de qualquer jeito
e: hahahaha rarararara rrarrarrrarrra
sim são
c: o legal é meter um dedo apenas no teclado e soltar geral
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
e: o som é de rra, mas o efeito é hahaha
c: nem precisa tirar o dedo de cima
experimenta
e: kkkkkkkkk
c: aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
e: o k é involuntário
c: aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
e: enfia o dedo no k
c: aaaaaaaaaaaaaaaaaa
e: kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
c: aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
aaaaaaaaaaaaaaaaaaa
e: noosa chega
tchau
c: aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
e: beijos
vc me mata
c: aaaaaa
e: nao to aguentando aqui
c: tô rolando de rir
e: eu tb
c: em voz alta
e: só que to contida
to tipo o seu aaaaa
c: ai, ai, ai
duas retardadas
e: bom beleza
Valeram minhas abdominais semanais
c: discussão filosófica a respeito do riso na interner
e: e quem ri assim ó: risos
rs
acho tão idiota
risos
c: é uma bosta
e: quer conhecer uma em ingrêis?
é assim ó
LOL
sabe o que significa?
e: essa é a mais mais das risadas
c: adorei o "põe o dedo no k e segura"
e: arrisca um palpite dessa? LOL ?
c: lol-biloba
e: NAO, MAS SIM: laughing out loud

c: lost on
e:essa é risada de nerd né
c: olha
quase
e: olhaaaa
c: q vem a ser o que?
e: que coisa né menina
rindo muito alto
c: aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
boa
e: entende?
c: então aqui poderia ser RMA
e: pronuncie assim: léfing au lau
sim com certeza RMA vamos aderir o RMA, né?
c: escreve um texto disso que vai dar ibope... nunca li nada a a respeito na net
e: pronto
c: sim, RMA
vamos fazer um teste e ver se pega?
e: vou usar nossa conversa como pano de fundo
vamos
mas então...
enfia o dedo no k e solta a franga
RMA
NAO MTO
c: vamos começar a espalhar e daqui a pouco serão milhões... dominaremos o mundo
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
e: RMA
ta vendo vc nao usou
nao dá
c: RMA
calma
RMA
RMA
rma
pode ser minúscula
rma
e: o segredo é que vivemos num país livre e podemos escolher a risada internética que melhor nos serve
c: com pregui'
eu: kkkkkkkkkkkkkkkkkk
c: preguiça
r..........................m.........................a.....................
bom deixa eu fazer o meu trabalho
e: kkkkkkkkkkkkkk
c: AES
e: vai lá
o que é AES?
ASSIM EU SOU?
c: agora é sério
RMA
e: sim
RMA
beijo
e: valeu modá
beijos
c: beijo'

Ai Se Sêsse



"Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse
Tarvês que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse"
Cordel do fogo encantado

Nesta longa estrada da vida.



Acho mesmo que essa distância abstrata está acabando comigo.
Vou preparar o cimento, separar as ferramentas e construir uma ponte. Sei que assim estaremos mais perto e a Estrada dos Amores entenderá a nossa saudade. Certamente aceitará essa construção. Com amor pode tudo.
Se acaso não gostar da ponte que eu construí para deixar de fazer existir essa distância, avise-me que eu dou um jeito. Desfaço o presente e volto pelo caminho mais longo e triste, só para não deixar de te ver. Vou sorrindo pela triste e estreita Estrada das Lágrimas. Com amor não existe resistência.

Desilusão



As pessoas amam, doam e recebem amor.
O amor já é puro e verdadeiro por si só, não precisa ser específico. Se for amor, é verdadeiro e único.
O amor é o sentimento mais sincero e bonito que alguém pode ter e sentir, não acredito em falso amor, acredito em entrega e saber aceitar, receber e dar.
A história só muda de figura, se o caso for questionar se é ou não amor. Aí sim, é outra coisa.
Se for amor, não existe contestação.
Amor é verdadeiro, sincero e único. Estamos entendidos?

9 de novembro de 2010

Release your fear



Ela acordou com medo de perguntar.
Sentia muita vergonha por ser tão perdida e por não saber como agir. Guardou sua saliva e jurou não incomodar ninguém para pedir informação. Ela não sabia como chegaria na praça das flores, mesmo assim não quis perguntar.
Dentro de um ônibus, próximo a avenida principal, ela ficou calada, não considerou ao menos perguntar ao cobrador, que parecia ser só mais um reles mortal assim como ela. Não sabia onde tinha que descer.
Arriscou o passeio e confiou em seu sexto sentido. Não sabia como, mas sabia que chegaria. Não incomodaria.
Ela abriu o livro e deixou que as linhas daquela página a guiasse. Realmente ela não sabia de nada, só sabia que precisava acabar com o medo e perguntar de uma vez por todas.
Não era uma questão de auto-suficiência. Ela não pode esquecer. Deve lembrar todos os dias de perguntar.
Ela não perguntou e continuou sem saber. Não conseguiu chegar a praça das flores e fez o caminho de volta. Foi dormir e trouxe com ela o medo para o travesseiro.

Impressão atual

Não fique surpreso se um dia você descobrir que suas teses eram furadas e que você não passa de um perdedor.
O jogo continua, não há tempo de se refazer. Mais dia, menos dia somos tomados por uma vontade incontestável de nascer de novo e melhores.
É fácil descobrir que isso é impossível, basta olhar ao redor e ver o cansaço na rosto do outro. Nem todo mundo quer se reinventar e nem todo mundo sente que isso seja uma necessidade.
Difícil é saber discernir o que é seu, o que é do outro e o que fazer com isso tudo.
A vida muda e tudo muda. A cor da nuvem não é mais a mesma. O céu anda esfumaçado de cinza, o sol queima cada dia que passa e a chuva demora a aparecer, mas quando aparece arrasa o chão.
Tudo tão diferente: você era mais adulto antes de se entregar a esta jovem felicidade instantânea de sentir um prazer vazio.
Você era mais capaz de olhar para o lado e perceber que existem pessoas como você.
Você deixou de ser aquela pessoa alegre e ingênua e agora é uma pessoa que corre junto com o barco; nunca mais deus suas braçadas, nunca mais buscou sua origem.
Você não lê mais sobre os desenhos que seu filho faz. Você não procura por ajuda, você é só e solitário. E sim, existe uma grande diferença.
Você é a alegria falsa de ser alguém bem resolvido e feliz. Não existe satisfação plena aos 18 anos de idade.
A briga com o espelho agora não existe, você aprendeu a olhar para fora e aceitar o seu melhor, só que se esqueceu de cuidar de dentro e perdeu a essência íntima e bonita que possuía. Era tão particular, mas acabou.
Esse labirinto arranca sentimentos e faz perder alguns valores. Não coma a sopa mágica de letrinhas. Corra nesta esteira atrás de sua recompensa. Seja mais semelhante ao idêntico ridículo de querer ser igual, mas admita.

How Deep Is Your Love

5 de novembro de 2010

Saravá

Todo mundo tem defeitos, ninguém é perfeito e saber disso me agrada muito. Só assim podemos melhorar o que não está bom e aprender com nossos erros e limitações.
Todo mundo tem o direito de acordar com o pé esquerdo, de ter o seu dia de fúria, de não querer dar bom dia, de se sentir um peixe fora d´água e ter o direito de viver como acha que deve. Mas, sabe aquela coisa preciosa que aprendemos desde pequenos? Aquela palavrinha mágica que não é por favor e nem obrigada, mas sim uma palavrinha que diz muito sobre quem somos e como encaramos a vida? A palavrinha mágica da vez se chama respeito.
Não é porque eu acordei de mal com o mundo que eu vou continuar brigando com ele.
Não é porque eu estou triste que eu vou sair chorando por aÍ no ombro de qualquer um.
Não é porque eu me acho o melhor do mundo que eu vou menosprezar o outro.
No nosso minúsculo mundo existem valores, princípios, regras de boa convivência e muito senso para tentarmos viver da melhor maneira possível.
A vida é tão maior do que as pequenezas impostas pelo homem.
Viva a vida e trate de cuidar das pessoas como se fosse você. O resultado será positivo.
Devemos agir diante da vida, já dizia o poeta:
“A vida não gosta de esperar, a vida é pra valer, a vida é pra levar”
Saravá!

Não é mesmo?

E não é que eu falei?
E não é que eu não guardei?
E não é que eu me livrei de uma úlcera?
E não é que o que mais vale é a atitude?
E não é que meu sono ficou mais pesado?
E não é que a verdade tem que ser sempre dita?
E não é que o que é justo é justo?
E não é que teve resultado?
E não é que a consciência ficou mesmo tranquila?

3 de novembro de 2010

Sem opção, por natureza.

Pensar, pensar, pensar e pensar.
Pensar tanto que chega a doer a cabeça.
Pensar tanto para sentir as emoções.
Pensar tanto para sentir-se vivo.
Pensar para elaborar.
Pensar em qualquer coisa para esquecer.
Pensar positivo para manter a energia boa do corpo e da mente.
Pensar negativo para não assassinarmos ninguém.
Pensar rápido para poupar tempo.
Pensar devagar para lembrar com cuidado.
Pensar lentamente sobre aquela noite sincera.
Pensar com alegria da saudade que fica.
Pensar com tristeza daquela briga besta.
Pensar para calcular.
Pensar para não errar.
Pensar para aceitar.
Pensar é bom.
E quando não pensamos? E quando estamos com falta de ideias, fatos e sensações? Quer dizer que morremos? Quer dizer que estamos em coma? Quer dizer que não somos racionais? Quer dizer que nunca mais seremos os mesmos?
Será que é mesmo uma fase?
Será que voltaremos ao normal?
Só de pensar no vazio mental, a questão de ser desprovido de ideia, sentimento, sugestão e sensação, faz pensar.
É mesmo impossível não pensar?