14 de janeiro de 2011

Energia mal dirigida.


"O problema dos homens que dançam ou vivem em bares é que têm uma visão igual a de uma tênia. São apanhados no ritual. O ritual da energia mal dirigida." Charles Bukowski

Todo mundo tem o direito...



Every man gotta right to decide his own destiny
And in this judgment there is no partiality
So arm in arms, with arms
We will fight this little struggle
'Cause that's the only way
We can overcome our little trouble

Brother you're right, you're right
You're right, you're right, you're so right
We gonna fight, we'll have to fight
We gonna fight, fight for our rights
Natty dread it in a Zimbabwe
Set it up ina Zimbabwe
Mash it up in a Zimbabwe
Africans a liberate
Zimbabwe

No more internal power struggle
We come together, to over come the little trouble
Soon we will find out
Who is the real revolutionary
'Cause I don't want my people
To be contrary

Brothers you're right, you're right
You're right, you're right, you're so right
We'll have to fight, we gonna fight
We'll have to fight, fighting for our rights
Mash it up ina Zimbabwe
Natty trash it ina Zimbabwe
I and I a liberate Zimbabwe
Brother you're right, you're right
You're right, you're right, you're so right
We gonna fight, we'll have to fight
We gonna fight, fighting for our rights

To divide and rule
Could only tear us apart
In everyman chest there beats a heart
So soon we'll find out
Who is the real revolutionaries
And I don't want my people
To be tricked by mercenaries

Brother you're right, you're right
You're right, you're right, you're so right
We gonna fight, we'll have to fight
We gonna fight, fighting for our rights
Natty trash it ina Zimbabwe
Mash it up ina Zimbabwe
Set it up ina Zimbabwe
Africans a liberate
Zimbabwe
Africans a liberate Zimbabwe
Natty dub it ina Zimbabwe
Set it up ina Zimbabwe
Africans a liberate Zimbabwe

Every man got a right
To decide his own destiny

13 de janeiro de 2011

Pusilanimidade



Ele entrou correndo e sem que percebesse deixou cair o cartão amarelo que estava em seu bolso. Lisa só estava preocupada com aquela agonia:
- O que houve? Aonde vai com tanta pressa?
- Me deixa, me deixa! Preciso partir no trem das 6.
- Vai para onde?
- Denver. Preciso resolver uma pendência.
- O que você tem em Denver?
- Não posso falar agora, não tenho tempo, volto em dois dias.

Sem forças nem argumentos para impedi-lo, Lisa ficou parada estática no portão da casa esperando James passar e se despedir.
Não demorou muito e lá foi ele correndo com uma mala nas costas, passou tão rápido pelo portão que não conseguiu perceber a presença de sua esposa, partiu e não lhe deu nem um beijo de tchau.

Lisa sabia que tinha algo errado e não podia fazer nada, trancou o portão e com as lágrimas escorrendo em seu rosto entrou na sala, sentou no sofá e desabou a chorar.
Entre soluços e tristezas, e uma dor martelando sua cabeça, ela observa um cartão amarelo no chão, ao pé da mesa de jantar. Lisa respira fundo, levanta do sofá e pega o tal cartão.

“Assim não dá mais. Não consigo continuar sozinha. Conte a verdade ou eu mesma conto. Você tem até as 10 da noite para vir aqui e pensar em uma boa desculpa. O seu futuro está em jogo.”

Lisa sentiu suas pernas amolecerem, ficou tonta, sentou novamente no sofá e não conseguiu pensar em mais nada. Sentia que alguma coisa estava errada há muito tempo.
Chorou descontroladamente e só conseguiu lembrar os longos 20 anos de casados. De como eles foram felizes um dia.

Sentiu-se sozinha, um estranho vazio no peito e uma enorme coragem no coração. Fez as malas e partiu. Na mesa deixou o cartão amarelo que estava no chão e colocou mais um outro, um cartão que ela mesma escreveu. Um cartão vermelho.
Lisa foi embora, foi ver o verde das montanhas. Simplesmente partiu, foi embora.

Depois de dois dias, James voltou, com ele trazia uma morena alta e vistosa, era Carmem, uma famosa atriz descendente de espanhóis.

Ao abrir o portão, Carmem o alertou:
- Se eu souber que você está mentindo, eu vou embora e sumo da sua vida. Nunca mais você tocará minhas mãos, nunca mais saberá de mim. Se você estiver me enganando eu acabo com você.
James mal conseguia abrir o portão, suas mãos tremiam e o suor caía em sua camisa.
Ao entrar em casa, James caminhou devagar, tentou não fazer nenhum barulho, andava como se estivesse pisando em cacos de vidro.

Carmem gritou:
- O que foi? Está com medo? Quem está ai?
James colocou as chaves na mesa, pegou o cartão amarelo e o vermelho, colocou dentro do bolso e ali se certificou de que não haveria mais problemas.

Conduziu Carmem ao quarto e caminhou em direção ao banheiro.
- Vai me deixar aqui sozinha?
- Vou ao banheiro! Deus do céu! O que fiz para você desconfiar de mim?
- Você contou a ela?
- Contou o quê, para quem? Não existe ninguém, eu disse que era sozinho, não tenho família, sempre fui sozinho.

Carmem se sentiu mal por ter duvidado da integridade de seu homem, o amor de sua vida. Deu um beijo em sua boca e se jogou na cama. James seguiu o corredor e entrou no banheiro.
Lavou o rosto e ligou o chuveiro, tirou a roupa e leu o cartão vermelho.

“James,não quero saber a verdade, não quero continuar vivendo essa ilusão, só quero aguardar a sua imagem em minha memória, só quero carregar comigo a lembrança do homem da minha vida. O homem que você foi um dia. Prometo não queimar as torradas, prometo não deixar a água fora da geladeira, prometo não adoçar o seu café. Prometo não esquecer de deixar suas meias na primeira gaveta da cômoda, prometo nunca mais fazer parte da sua vida. Não existe mais tempo. Chegou o dia de encararmos a realidade. Adeus. Com amor,
Lisa.”

Sentou no chão e chorou, chorou baixinho para que Carmem não escutasse. Seu único e verdadeiro amor tinha ido embora e nada ele podia fazer. Lisa não tinha família, Lisa era sozinha. Lisa só conhecia James. Lisa fazia o melhor que podia. James não soube enxergar isso.

***

Carmem mudou-se para casa de James, e o obrigou a parar de trabalhar, ela era muito ciumenta e não admitia seu homem trabalhando como eletricista na casa de outras mulheres. Só de imaginar ele fazendo instalações e sendo monitorado por madames ricas e bonitas, o seu rosto ficava vermelho e ela tinha vontade de matá-lo.
Carmem tinha dinheiro. Carmem sabia o que queria:
“Café amargo, torradas crocantes, água gelada e minha lingerie pendurada no armário.”

James assumiu os serviços da casa, servia Carmem como se fosse um mordomo. Cozinhava, lavava e passava. Sua vida era triste e a única coisa que o fazia sorrir era a lembrança de Lisa.
James caminhou até o quarto, colocou o cartão de Lisa no bolso, tirou a samambaia que enfeitava o teto e amarrou uma corda.
Só conseguiu ser homem e ter coragem, no silêncio de seu suicídio.
A verdade apareceu apenas para Carmem. Lisa permaneceu intacta em um amor doído e contido no verde das montanhas.

11 de janeiro de 2011


Parabéns, você é mesmo boa nisso.
Não sou boa o bastante e nunca serei.

Vivo à custa do que não posso e do que eu consigo.
Aponte o seu dedo na minha cara, pode dizer.

Canse-me com o seu interminável discurso. Miúdo.
Poupe-me dos elogios e das ofensas.

Convença-me de que realmente não sou nada.

Sou imutável e sou ruim.
Sou inconstante e sem fim.
Sou instável e nunca sei de mim.

Vivo descalça na corda bamba, me equilíbrio de pensamentos e da minha agonia.
Não sei o que tem para amanhã.

Procuro um precipício, mas a queda não chega ao fim. Saco.

Deserto úmido


Estava entupido.
O ralo fedia a lixo e merda de cachorro. A boca de lobo se tornou um chafariz, os bueiros estavam barrados com tanta sacola e galho. A ladeira da Sununga virou queda de cachoeira e qualquer um que tentasse andar e subir a rua para um ponto mais alto era arrastado até a porta do colégio no final da descida.
Três horas de horror.
Caixa de papelão, jornal, garrafa pet, guarda chuva, sapato, e o que estivesse ao alcance da água era levado embora.
Tem alguém ai?
O único som que se ouvia era da água batendo no telhado e da enxurrada que se fez na porta da casa.
Alguém tinha perdido um lar. Não conseguia contar, mas o que era um bairro tornou-se um deserto.

7 de janeiro de 2011

5 de janeiro de 2011

Pato sempre novo, cabe sempre no prato raso.

Ta bom vai, não vou ficar cagando regra, mas já reparou em você? Sua postura é tão dissimulada e sua alma tão encardida que eu já nem sei o que pensar. É isso e ponto.
Já aceitei você desse jeito, grudando em quem tem mais, em quem pode te dar mais.
Já aceitei você perambulando por aí como se tivesse vindo pronto para o mundo e soubesse todas as respostas.
Já aceitei e admiti que o seu oportunismo é tão escancarado que as vezes me pego pensando se você não tem vergonha em ser assim. Não te incomoda? Nunca?
Tão sincero, mas no fundo um bispo calado no tabuleiro do xadrez pronto para dar o cheque-mate.
Sua essência era pura e ingênua, você era maior do que hoje, seus valores estavam à frente de tudo, mas hoje uma boa jaqueta de couro e uma felicidade instantânea são e parece que sempre será o seu tudo.
Não importa o quanto eu te conheça, não importa o quanto você decepciona, não importa o quanto você finja, não importa o quanto acredite que sempre foi assim, não importa que você só consiga se preocupar com você, não importa a imagem que você passa para os outros. Eu sei quem é você e jurei a mim mesma não revelar sua verdadeira identidade.
Eu sempre estive lá, quietinha no meu canto, sempre pronta a ajudar e acolher, sempre pronta a desvendar sua falta de caráter, fazer companhia quando está só e comprovar que você nada raso.

3 de janeiro de 2011

Para o ano...

Seja você mesmo, mas não seja sempre o mesmo!