4 de maio de 2010

Um dia na vida...


Participei de uma sessão de fotos no estilo mais improvisado que se pode ter, reunir lazer e ofício na calada da noite da cidade de São Paulo. O motivo do passeio era registrar fotos para o álbum solo de lançamento do MC Ogi intitulado Crônicas da cidade cinza. Das partes envolvidas, um fotógrafo, dois amigos, Ogi e a namorada palpiteira do mc em questão, essa que vos escreve.
Por volta das dez da noite de uma quarta-feira gelada, seguimos rumo ao centro da cidade para registrar fotos que traduzissem o verdadeiro sentido das Crônicas da cidade cinza. Descobrimos um lugar na Av. Rangel Pestana que expressava a solidão de um homem a vontade em meio a prédios, fumaça e a cena toda que ele mesmo retratava. Foram necessários apenas dez minutos para achar a lente certa, a luz que se encaixava melhor, o ângulo e a pose ideal para aquele propósito.
Dono de seu heroísmo, Ogi, não se intimidou em erguer os braços como um bravo guerreiro que não teme as armadilhas de um lugar que para uns pode parecer tão sombrio, deprimente e muitas vezes assustador, mas que para ele, não passa do quintal de sua casa. Ogi é um homem que não tem medo da emoção, não consegue ser raso e nem “Zé” do muro, faz o que deve ser feito seguindo sua intuição e relembrando sua história. Atrevo-me a compará-lo com Arturo Bandini, quem conhece Fante, sabe de quem estou falando!
Pronto. A primeira sessão estava feita, agora precisávamos achar outros ângulos e paisagens novas para a próxima série de fotos.
O disco pedia retratos da vida como ela é, sem rodeios e sem pintura, expressando a jornada de vários personagens que fazem parte da cidade de São Paulo e integram o time de individualidades citadas nas letras.
A tarefa não foi tão difícil, levando em consideração o carisma e a verdade do MC, nada foi empecilho para ele que só queria fazer parte do monstro gigante que é a nossa capital. Subir em muros? Não tinha problema, não para um pixador! Lidar com o frio e ainda fazer cara de artista? Ok, desde que capte o cerne e o propósito daquilo tudo, e esse crédito eu dou ao fotógrafo que entendeu em minutos a essência do Ogi.
E assim foi. Uma foto aqui, outra ali, atravessa a rua, sobe muro, corre com equipamento, ascende cigarro, confabula, dá espaço, ouve palpite, dá risada, opina, se impressiona e... Parece que conseguimos o que queríamos!
A cidade de fundo foi peça chave para que capturássemos a cena do disco, além de moradia é fonte de inspiração. É por ela que o disco foi escrito, é por ser tão boa e obscura que as pessoas se identificam e se intimidam. Com certeza a realidade de muitos que residem nessa metrópole.
Minha pré-disposição a tornar-me uma fotógrafa é declarada aos quatro ventos, e nunca foi segredo para ninguém. Tento unificar minhas duas paixões e cada dia que passa vejo o quanto é necessário conseguir essa junção o mais rápido possível. Letras e imagens, palavras e desenhos. Um par!
Dessa vez não pude registrar a andança através das minhas lentes, mas anseio para que minhas aspirações fotográficas sigam além do abstrato.
Agradeço muito por ter feito parte de uma produção tão significativa e alternativa. Aquilo tudo já era um velho conhecido meu, refletiu nas minhas vontades e em tudo o que eu gostaria de fazer. Peço licença para destilar minha inveja e orgulho por uma situação tão bonita e real. Captar a verdade do ser humano.

Mission Accomplished!

Confiram:
www.myspace.com/ogidocontra
www.twitter.com/rodrigo_ogi

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